Aconteceu, no último dia 25, em Brasília, uma marcha que reuniu diversos grupos étnicos indígenas de todo o país, em uma ação em defesa dos direitos dos povos originários. Sob o lema “Nosso Marco é Ancestral: Sempre Estivemos Aqui!", lideranças das tribos participaram da 20ª edição do ATL – Acampamento Terra Livre, e caminharam pela Esplanada dos Ministérios e, em reunião com o Ministério Público Federal, discutiram acerca do recebimento de demandas, os problemas de cada comunidade e compartilharam informações sobre processos judiciais e outras iniciativas do órgão em prol dos povos indígenas.
Em entrevista ao portal Brasil de Fato, Nimon Oroeu, vice-coordenador da Organização dos Povos Indígenas de Rondônia e Nordeste do Mato-Grosso (Opriona), desabafou: "Eu não falo que eu já estou com missão cumprida, porque a luta continua. A luta não para. As nossas principais reivindicações são que esses governos, esses deputados que tentam violar nossos direitos, nos respeitem, porque nós somos o verdadeiro povo brasileiro. Na verdade, o Brasil não foi descoberto, o Brasil foi invadido".
Junto aos representantes dos mais de 200 povos indígenas do país, também se juntaram à ação organizações que também lutam por direitos semelhantes, como a defesa dos territórios. Entre eles, estavam representantes dos grupos Coordenação Nacional de articulação de Quilombos (Conaq), Conselho Nacional das populações Extrativistas (CNS) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Pautas como o comprometimento das pastas com os direitos originários e a estruturação e orçamento para o MPI – Ministério dos Povos Indígenas – foram levantados durante a conversa. Uma carta de reinvindicações foi apresentada, contendo 25 demandas a serem atendidas pelo governo. O grupo foi atendido pelo chefe do executivo, o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas do Brasil (Funai), Joenia Wapichana, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Embora esperado, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) não compareceu ao evento.
Durante os dias do encontro e abrindo a Tenda da Amazônia nesta edição do ATL, a primeira roda de conversa foi referente a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas, a COP 30, que acontecerá em Belém do Pará em novembro de 2025 e tratará do tema Mudanças Climáticas. O bate-papo, intitulado “Cúpula dos povos rumo à COP 30”, reuniu líderes indígenas dos povos Kayapó, Yanomami e Munduruku que, juntos, integram a Aliança em Defesa dos Territórios. Estes povos estão entre os mais afetados pelo garimpo ilegal no Brasil. O Instituto Ecoar apoia o movimento e a jornalista Rachel Hidalgo, coordenadora de comunicação do Instituto, acompanhou e participou das conversas.
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